Adicione seu nome ao lado de outros ao redor do mundo exigindo que os governos mundiais expulsem os grandes poluidores
Aos governos mundiais:
Escrevemos para vocês como pessoas, ativistas e líderes comunitários em todo o mundo unidos para exigir o fim da captura corporativa que nos levou à beira da extinção. Em todo o mundo, já estamos experimentando danos irreversíveis ao planeta e a perda de pátrias, culturas e ecossistemas. E são aqueles entre nós que menos contribuíram para a mudança climática que estão pagando o preço mais alto – com suas vidas e meios de subsistência.
Ano após ano, os governos mundiais protegeram os interesses dos Grandes Poluidores e falharam em promover a equidade e ação climática necessárias, acabar com o vício mundial em combustíveis fósseis e fazer uma transição rápida e justa para um novo sistema global – um que seja equitativo, socialmente justo, sensível aos gêneros, restaurador da natureza, livre de combustível fóssil e de afirmação da vida. Ano após ano, é a ganância e os lucros dos Grandes Poluidores que reinam e que continuam a pilhar e saquear as comunidades da linha de frente impunemente.
Sabemos quem é o culpado pela crise climática. Por mais de meio século, os Grandes Poluidores sabem que seus produtos mortais causariam danos tremendos. O que eles fizeram? Eles esconderam a verdade, semearam dúvidas e investiram bilhões de dólares para atrasar a ação climática. Tudo em nome da ganância e dos lucros. E os governos mundiais, particularmente do Norte Global, os capacitaram e apoiaram em cada etapa do caminho.
Nós, pessoas de comunidades e países ao redor do mundo, perguntamos: quem os governos representam? Defendem as práticas comerciais gananciosas, imprudentes e mortais dos Grandes Poluidores que nos levaram à beira da extinção? Ou defendem um mundo onde as pessoas em suas comunidades possam prosperar e onde protejamos e nutramos o planeta que é nosso único lar?
Nós exigimos:
1. Chega deles ditarem as regras.
Os grandes poluidores não devem ter acesso à formulação de políticas climáticas. Isso permite que eles continuem a exercer influência indevida, enfraquecendo e minando a resposta global às mudanças climáticas. É por isso que estamos à beira da extinção. A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (sigla UNFCCC, do inglês) deve estabelecer urgentemente uma Estrutura de Responsabilidade para acabar com essa captura corporativa. Como próximo passo imediato, todos os participantes devem ser obrigados a divulgar publicamente e declarar seus interesses. As pessoas merecem saber quem está na mesa de formulação de políticas e qual é sua verdadeira agenda.
2. Chega deles financiarem ações climáticas.
Nenhuma parceria com Grandes Poluidores ou patrocínios de negociações climáticas ou ações climáticas. Agora não. Nunca. Os grandes poluidores não devem ser autorizados a maquiar a sujeira deles de verde para literalmente comprar uma saída da culpabilidade pela crise que causaram. Dois grandes poluidores já foram nomeados como parceiros da COP27 - a Coca-Cola, a maior poluidora de plásticos do planeta e uma grande bloqueadora de ação política; e a Microsoft, a maior parceira de tecnologia do mundo para a indústria de petróleo e gás. Enquanto isso for tolerado como aceitável, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima não conseguirá cumprir seu papel.
3. Poluidores fora - pessoas dentro.
Embora a sociedade civil sempre tenha participado do processo da COP, os governos tornaram cada vez mais difícil para ONGs e movimentos de justiça climática terem suas vozes ouvidas. Precisamos de uma inclusão equitativa e significativa. A ação climática deve se centrar na liderança e na experiência vivida pelas pessoas, especialmente aquelas que estão na linha de frente da crise climática. Com as comunidades da linha de frente na liderança, devemos encerrar o financiamento e a validação de distrações perigosas e falsas soluções que promovem os lucros dos Grandes Poluidores, possibilitando seus abusos e garantindo décadas a mais de uso de combustível fóssil.
4. Redefinir o sistema.
Os sistemas mudam. O capitalismo está destruindo a vida como a conhecemos. É hora de construir uma nova forma de viver e colaborar que funcione para as pessoas, não para os poluidores, e que restaure, em vez de destruir, a natureza. Precisamos de ações reais, justas, responsáveis, sensíveis aos gêneros, lideradas pela comunidade, restauradoras da natureza, comprovadas e transformadoras. Soluções para serem implementadas de forma rápida e justa. Precisamos de uma transição total e equitativa fora dos combustíveis fósseis. Nós precisamos de soluções reais que sejam centradas nos direitos dos povos indígenas, comunidades locais e na proteção daqueles que defendem a justiça. Precisamos de um fim para a impunidade de abusos corporativos.
É hora de redefinir o sistema. Um momento para abandonar a ordem mundial antiga, lucrativa e poluente, e um momento para reimaginar e implementar rapidamente a colaboração global centrada na equidade, na ciência e na humanidade. Não precisamos esperar pra ver o que outro ano fracassado significará para as pessoas e para o planeta.